AZBox: como funciona o decodificador mais polêmico do Brasil?

20/02/2012 21:18

 

Em tempos de SOPA,
muitas pessoas vêm buscando meios alternativos para obter conteúdo 
ilegal. As restrições na web aumentam a cada dia, por isso muitos 
consumidores cogitam a possibilidade de investir em aparelhos piratas 
para ter acesso aos pacotes especiais das emissoras de televisão por 
assinatura.


A ideia não é nova, aliás, já faz tempo que existem dispositivos para
desbloqueio de canais pagos. Contudo, de uns tempos para cá, o assunto 
popularizou-se de uma forma incrível. Nomes como AZBox, Lexuz Box e 
AZ-America vêm ganhando destaque. Esses receptores oferecem facilidades 
para realizar a liberação dos canais de TV a cabo.


 

(Fonte da imagem: Divulgação/AZBox)


Mas, afinal, como funciona um AZBox? É legal utilizar produtos com 
tal funcionalidade? O que os consumidores que possuem tais aparelhos 
alegam? Tudo isso e muito mais é o que vamos abordar neste artigo 
especial que visa sanar todas as suas dúvidas.


Canais pagos com gambiarra


Antes de explicarmos o funcionamento de um AZBox, vale uma pequena 
introdução ao modo de atuação de um receptor homologado pelas 
operadoras. Abaixo, simplificamos em alguns passos como ocorre o 
processo entre a transmissão do canal e a decodificação no dispositivo 
que é instalado na casa do assinante, confira:


  1. A emissora transmite todos os canais para todos os assinantes;
  2. O aparelho recebe o sinal através de satélite, cabo ou antena (MMDS);
  3. A transmissão da operadora vem com algumas chaves secretas, as quais
    servem para identificar o tipo de pacote contratado pelo assinante;
  4. Um cartão instalado dentro do decodificador possui códigos que vão permitir o desbloqueio apenas dos canais adquiridos;
  5. Depois de validar informações com a operadora, o dispositivo vai liberar o conteúdo do pacote.

(Fonte da imagem: Divulgação/Sky)


Os aparelhos AZBox funcionam de maneira semelhante, porém, algumas 
etapas são bem diferentes. Antes de mais nada, vale salientar que o esse
produto funciona apenas com transmissões de satélite - os dispositivos 
similares servem para outros tipos de sinais. Veja no esquema abaixo 
como este decodificador desbloqueia os canais pagos:


  1. Depois de instalar aparelho e a parabólica, o sinal chega até a casa da pessoa normalmente;
  2. O AZBox verifica o tipo de transmissão que está entrando pelo cabo RF;
  3. Nesta etapa, o dispositivo precisa de dois "programas". Na 
    realidade, esses softwares são códigos para que o receptor consiga 
    interpretar as chaves secretas da TV por assinatura. O primeiro serve 
    para sintonizar os canais, e o segundo para destravá-los;
  4. Se os códigos do produto estiverem desatualizados, então o 
    decodificador vai apresentar mensagens como "Canal codificado" ou "Sem 
    sinal". Do contrário, tudo vai “florir” perfeitamente;
  5. Diferente dos aparelhos homologados, o AZBox não precisa realizar 
    uma autenticação com a operadora, o que facilita o desbloqueio dos 
    canais.

 

(Fonte da imagem: Divulgação/Sky)


No caso do Lexuz Box, que é um receptor voltado para desbloqueio da 
NET, o processo é um pouco diferente. Como o sinal é transmitido via 
cabo, a pessoa que usa o aparelho pirata precisa contratar pelo menos o 
serviço mais básico da operadora. Depois de adquirir um plano, basta 
substituir o dispositivo original pelo alternativo.


Gírias especiais e atualização dos códigos


Se você reparou bem na explicação acima, deve ter percebido que 
utilizamos a palavra "florir" como sinônimo de desbloqueio dos canais. 
Ocorre que os códigos dos aparelhos AZBox, Lexuz Box e Az-America não 
funcionam para sempre. De vez em quando, as operadoras trocam todos os 
códigos secretos para diminuir o número de receptores ilegais captando o
sinal.


Quando isso acontece, os proprietários dos dispositivos piratas 
precisam encontrar novos firmwares na internet. Os programinhas de 
desbloqueio nem sempre são disponibilizados de imediato, pois tudo 
depende da boa vontade de alguns experts para encontrar as novas chaves 
secretas.


Sky, também conhecida como Céu (Fonte da imagem: Divulgação/Sky)


Para evitar que os fóruns, órgãos governamentais e operadoras de TV 
por assinatura identifiquem com facilidade as postagens com os códigos 
secretos, os piratas usam algumas gírias para se comunicar e, 
consequentemente, evitar o bloqueio das mensagens. Veja alguns dos 
principais termos usados pelas pessoas que usam TV a cabo ilegalmente.


  • Florir = Liberar canal
  • Adubo = Código de desbloqueio
  • Jardim = Todos os canais
  • Flores = Canais
  • Céu = Operadora de TV Sky
  • BET = Operadora de TV NET
  • F90 = Nome dado a um dos aparelhos Lexuz Box

Dito tudo isso, é provável que você esteja curioso quanto à 
atualização dos receptores. A grande maioria dos decodificadores 
alternativos conta com porta USB. Assim, tudo que o pirata precisa fazer
é baixar um firmware atualizado de algum fórum, copiá-lo para um 
pendrive e, então, conectar o dispositivo ao AZBox. Em nossas pesquisas,
vimos diversos relatos de que a instalação dos códigos é muito rápida e
automática.


Afinal, é ilegal?


Na tentativa de se isentar de culpa, os piratas apelam para uma 
desculpa que segue certa lógica. O papo começa justamente pelo modo como
o sinal chega até a casa das pessoas. Em pequenas visitas a fóruns, 
pudemos perceber que as pessoas dizem não ter qualquer culpa pelo sinal 
estar circulando no “espaço público”. Claro, falamos aqui da pirataria 
de sinais por satélite e antena, pois através de cabo existe a 
necessidade de contratar um serviço básico.


Os piratas alegam que o aparelho é produzido legalmente por empresas 
europeias, o que é deveras verdade. Contudo, poucos sabem que a 
aquisição desses dispositivos é considerada como crime de receptação de 
mercadoria ilegal. Caso a pessoa seja pega com um decodificador desses, 
ela pode ficar em detenção por até um ano.


Ampliar (Fonte da imagem: Divulgação/AZBox)


Existe ainda o problema de acessar a conteúdo com direito autoral. As
pessoas não se importam com isso, pois afirmam que obtêm os códigos na 
web, não efetuando a transferência de arquivos com proprietários para 
seus computadores. Todavia, vale salientar que usar TV por assinatura 
sem pagar os devidos valores pode ser considerado como crime de violação
de direito autoral.


Apesar de todas essas considerações, as pessoas usam aparelhos 
piratas de qualquer forma, pois não é tão simples apreender um 
dispositivo ilegal. Primeiro que a justiça teria de investigar cada uma 
das casas com satélites ou antenas. Segundo que seria necessário obter 
mandados para todas as residências que sofressem inspeção. Como fazer 
isso? Impossível. Não há meios, tampouco funcionários suficientes, para 
realizar as autuações.


De quem é a culpa?


Quando o assunto é pirataria, fica difícil identificar culpados e 
quais os reais motivos que levam tantas pessoas a optar pela 
ilegalidade. Muitos consumidores alegam que usam decodificadores 
alternativos por conta dos altos preços cobrados pelas operadoras de 
televisão por assinatura.


Outros preferem dar uma desculpa brasileira e afirmam que não faz 
sentido pagar por algo que pode ser obtido de graça. A mesma justificava
de tantas pessoas que baixam conteúdos ilegais da web e usam softwares 
piratas.


É fácil encontrar o firmware e os códigos... (Fonte da imagem: Reprodução/AZ America)


Entretanto, a culpa da pirataria rolar solta não é necessariamente 
das pessoas que usam esses aparelhos. Alguns profissionais de 
telecomunicações veem o outro lado da moeda, jogando a responsabilidade 
para as operadoras, relatando que as empresas deveriam investir em 
segurança reforçada e métodos de autenticação mais eficientes.


Por último, o governo leva uma parte da culpa, justamente por não 
barrar de uma vez por todas a comercialização dos receptores. Apesar de 
estar proibida a entrada desses produtos no Brasil, a fiscalização não 
parece ser muito eficiente, sendo possível encontrar vendedores em todos
os cantos da internet.


Os verdadeiros criminosos


Se não for ilegal, usar aparelhos piratas é no mínimo imoral. 
Contudo, as pessoas que “roubam” os canais pagos não cometem crimes tão 
horrendos. No ramo da pirataria de TV a cabo, os principais vilões são 
os malandros que cobram para liberar os códigos ou que muitas vezes 
criam um sistema para que as pessoas sejam dependentes da compra de 
novas atualizações.



Esses sujeitos são os da pior espécie, visto que eles lucram em cima 
de um serviço ao qual eles não têm qualquer direito. Alguns criminosos 
oferecem cartões e decodificadores homologados, criando uma rede de 
clientes que pagam valores mais baixos que os da operadora, mas 
enganando as pessoas com uma TV a cabo que é muito suja e ilegal.


Será que compensa?


Aparelhos como AZBox vêm ganhando muito espaço no mercado, porém, ao 
mesmo tempo, eles estão cada vez mais na mira das companhias. Para 
piorar a situação, os preços das TVs por assinatura não baixam, visto 
que o número de piratas aumenta cada dia mais e, no fim, quem paga tudo é
o cliente honesto que adquiriu um pacote devidamente regulamentado.


E mais, o que muitos não veem é que se todos usarem dispositivos 
piratas, o serviço deixa de existir. Além disso, algumas pessoas não 
pensam que um número maior de clientes poderia baixar os valores. Isso 
sem contar na facilidade que a aquisição legal gera, visto que não é 
necessário explorar o submundo da web para encontrar códigos de 
desbloqueio ou até ficar na mão de salafrários.


 

(Fonte da imagem: Divulgação/AZ America)


Claro, devemos considerar que os lucros dessas empresas parecem ser 
absurdamente altos, além de que os planos oferecidos não agradam a 
todos. Talvez criar pacotes totalmente personalizados seria uma atitude 
lógica, pois cada um contrataria apenas o que é do seu interesse. Porém,
nada é do jeito que o consumidor espera. Torçamos pela chegada dos 
serviços de TV por streaming.


Justiça Federal proíbe a venda de aparelhos para piratear TV a cabo



 


Venda de aparelhos que pirateiam sinal agora é proibida!


A Justiça Federal declarou como proibida a importação e a venda de 
aparelhos receptores que possibilitavam piratear o sinal das 
transmissoras de TV por assinatura. Da mesma forma, toda e qualquer 
publicidade relacionada a um desses dispositivos também está 
terminantemente vetada. A decisão foi tomada ontem pelo juiz Marcelo 
Mesquita Saraiva, da 15ª Vara, em São Paulo.


A medida foi estabelecida tendo como base o fato de que esses 
aparelhos estavam em desacordo com a Lei Geral das Telecomunicações. 
Esse tipo de dispositivo permitia que o usuário fosse capaz de captar o 
pacote completo de canais de uma empresa de TV a cabo, mesmo que não 
houvesse contratado o serviço.


Ou seja, ele possibilita que a pessoa recebesse acesso total mesmo 
quando assinando apenas um plano básico com a transmissora (sem qualquer
custo adicional).


Processo e resolução


O processo para a proibição dos aparelhos foi aberto há seis meses 
pela ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), SETA 
(Sindicato Nacional das Empresas Operadoras de Televisão por Assinatura)
e SINCAB (Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Sistemas de TV por 
Assinatura e Sistemas Especiais).


Segundo a ABTA, são vendidos entre 500 e 700 mil aparelhos por mês, 
representando um prejuízo mensal estimado de R$ 100 milhões às empresas 
de TV a cabo. O juiz da 15ª Vara em São Paulo, Marcelo Mesquita Saraiva,
contemplou que o uso dos aparelhos (como Azbox, Azamerica e Lexusbox) 
se enquadrava em concorrência desleal para as empresas e declarou o uso 
dos conversores vetado.


Também foi solicitado por parte do juiz que os importadores fossem 
notificados, bem como as empresas que permite a publicidade sobre os 
aparelhos.



 


Fonte da Noticia: https://www.tecmundo.com.br/tv-a-cabo/19621-azbox-como-funciona-o-decodificador-mais-polemico-do-brasil-.htm